O primeiro post, que originou esta coluna, mostra as diferenças entre staging e styling mostrando o apartamento da estilista Donna Karan em Nova York. Você pode acessá-lo aqui.
Convido você hoje para um post diferente, sem fotos. A exemplo da coluna inspirações para os sentidos desta semana, vamos exercitar a nossa imaginação?
Estes dias, assisti à um vídeo no YouTube da Casa de Valentina com o título “Apê antigo, sem reformas estruturais e com uma decoração super charmosa”. Nele, Lucila Zahran Turqueto - cujo trabalho eu adoro e acompanho há muitos anos - visitava de forma remota o apartamento da assessora de comunicação Renata Barbosa de Oliveira.
O que me chamou a atenção, logo no começo do vídeo, foi a forma como Lucila apresentou Renata. Ela disse algo como: Renata é alta, elegante e usa umas roupas numa pegada minimalista. Ao ouvir isso eu logo imaginei uma casa dotada de uma certa simplicidade (lembrando que sempre que usamos simplicidade aqui, me refiro à uma casa sem excessos). Pensei uma casa bem clara, iluminada, com tecidos naturais e mobiliário minimal (pense aqui em armários com cava sem puxadores) - isso foi o que eu imaginei baseado no que ouvi da descrição da dona da casa.
Ao começar o vídeo, Renata aparece usando uma camisa, jeans e japamala, eu logo pensei: essa casa vai ter MUITA personalidade, um toque asiático e uma simplicidade diferente e foi exatamente isto que ela nos apresentou. Ah, e pela cor da parede da sala, um tom de fendi bem bonito, eu gritei: vai ter algo Ralph Lauren (talvez até a tinta, pensei)!
Bingo!
Ela tinha um lustre Ralph Lauren em cima da mesa de jantar.
Eu quis muito trazer esta casa aqui por conta do seu styling, que na verdade congrega camadas e camadas de história pessoal e familiar.
Eu vou pontuar as observações que eu fiz e que me chamaram a atenção no apartamento, especialmente porque há diferenças entre as fotos (que foram tiradas um tempo antes desta visita) e o vídeo. Então, resolvi fazer diferente neste post. Vou pontuar tudo e deixo as fotos para você ver depois. Quero primeiro provocar uma reflexão acerca dos detalhes sem as fotos.
Quartos:
Base: roupa de cama, embora com detalhes - como visto nos lençóis do quarto de hóspede que pertenceram à mãe de Renata, é possível ver que existe uma base para receber toda essa personalidade espacializada. Eu sou do time que opta por louças e roupa de cama branca; acredito que isso nos permite equilibrar a casa com outros itens de decor.
Cama à moda americana: Fazer a cama é algo muito pessoal. À moda europeia, mais comum, é não usar o lençol cobre leito (aquele sem elástico) e colocar o duvet diretamente sobre a cama, cobrindo-a por completo. Na casa de Renata, como vemos nas fotos, a cama é feita à moda americana, com o lençol dobrado abaixo da linha de posicionamento dos travesseiros, e o duvet também dobrado sob a peseira. Isso corrobora, a meu ver, com uma imagem de conforto e aquele ar “effortlessly chic”.
Cortina: As cortinas são feitas com pregas no topo (não consegui identificar direito se é prega-deitada ou prega-macho, acho que é a segunda), e isso dá uma formalidade maior em relação à modelo Wave, por exemplo, que seria mais “descomplicado“ e fluído, por assim dizer.
Tecidos com personalidade: Seja nas cortinas (e possivelmente na cabeceira e na poltrona na ante-sala do quarto) com tecidos da Entreposto, ou nos tecidos trazidos da Birmânia (almofadas quarto de hóspede) ou do Laos (vide a peseira no quarto principal - no vídeo).
Sala:
Obras de arte na casa toda, mas na sala é como se uma galeria pessoal se abrisse para quem a visita. Ela tem Carlos Leão (me emocionei muito quando vi) e Manuel Bandeira lado a lado com um quadro lindo em tons de amarelo do irmão ao centro, o designer da Punto e Filo Alfredo Barbosa de Oliveira. Eu observei uma fala dela no vídeo, algo assim: “Ele [Manuel Bandeira] está em alta no mercado”, e isso também nos revela mais sobre Renata. Ela é antenada. Não basta ela morar em um edifício dos anos 50/60, o que revela que ela é uma admiradora da arquitetura, mas também olha as outras artes, como pintura e escultura, como podemos ver na sala de jantar, por exemplo.
Sofá de modelo tradicional com linho. Não precisa dizer mais nada. O sofá - a pesa que tem mais “peso“ visual, quando não se tem uma estante de livros, como no caso dela, faz figuração para elementos mais importantes. Por isso à tradicionalidade aqui cai muito bem. Na estante, livros de diversos temas dividem espaço com um Buda. E o tecido da Chaise? É quase um item folk. Ao lado da chaise, há uma poltrona Maggiolina (1947), de autoria do designer Marco Zanuso. Sem mencionar a Mid-20th Century Brass Swing Arm Floor Lamp, a luminária de piso - um das minhas preferidas. Amo como esses mundos se complementam.
Renata nos conta no vídeo que, pela facilidade existente à época da elaboração de seu apartamento, foi possível - junto de sua arquiteta - encomendar um container de itens de Londres. Ou seja, não apenas ela coleciona itens de viagem, como teve acesso à uma série de itens a parte, o que corrobora para a construção desses ambientes.
A partir desta leitura, o que vê imaginou da casa dela?
Veja as fotos, assista o vídeo e compartilhe comigo suas percepções.
Até breve!