A moda e a construção de identidade e marca.
+ meus comentários sobre a leitura de “o guarda-roupa modernista"
Esses dias, ouvi um episódio de um podcast interessante, cujo título era: “Trends e modinhas: as redes moldam nossa identidade?”. Nele, o antropólogo Michel Alcoforado falava não apenas da construção da identidade, mas também como a moda nas redes influencia e muita a geração Z a não ter sua própria identidade. Para o antropólogo, uma tendência é quando um comportamento, que pode até ser individual, “responde à uma necessidade momentânea da sociedade” e então, por isso, ela viraliza em diferentes camadas sendo algo mais duradouro. Já uma “modinha atende uma dinâmica do dia e logo é esquecida”.
Ainda no episódio, foi comentado como as tendências também estão mais aceleradas do que eram no passado dada a velocidade dos ciclos, que são impulsionados pelo uso da tecnologia. Outro comentário interessante colocado pelo antropólogo é que o consumo, atualmente, não é direcionado por um desejo, e sim como construção de uma marca. Salvo engano, em “Hábitos Atômicos”, James Clear menciona o consumo por pertencimento, o que Natalie Walton já comenta como o consumo por status.
Apesar de já ter lido um pouco sobre história da moda, por ter curiosidade pelo tema, nunca me aprofundei muito em um tema específico. Sempre gostei de ler sobre as divergências e criações de Poiret, Chanel e Schiaparelli - especialmente como Chanel introduziu novos elementos num momento de inflexão da moda. Tenho uma biografia que comenta a relação de Maria Antonieta e a moda [Rainha da moda: Como Maria Antonieta se vestiu para a Revolução], que eu pensei até em reler após ouvir este podcast. No entanto, eu achava que essa noção do consumo por construção de marca fosse algo recente.
Não me esqueço de assistir a uma palestra de professora Silvana Rubino uma vez e ela citar uma frase que dizia: “a indumentária é uma forma de nos apresentar sem palavras” (infelizmente não lembro da autoria). Muitas pessoas ainda consideram a moda como algo frívolo sem reconhecer seu papel como esta forma de apresentação e construção da identidade. Mesmo que a pessoa não ligue para a moda, ela passa uma mensagem pela sua forma de vestir e acredito que as pessoas têm se conscientizado cada vez mais sobre isso. Há um tempo, o livro “O guarda-roupa modernista: O casal Tarsila e Oswald e a moda”, fruto da tese de doutorado de Carolina Casarin, estava no meu carrinho na Amazon. Eu fiquei muito curiosa sobre ele assim que tomei conhecimento de sua publicação. Apesar de saber que existem inúmeras publicações acerca de como Flávio de Carvalho usava a moda como foram de expressão, pra mim, era muito simbólico que alguém tivesse estudado o modo de vestir deste casal que têm uma importância nas artes e no moderno brasileiro (apesar da eterna estranheza e quase medo que sempre senti ao ver Oswald - e que só aumentou depois de ler esse livro). Se vocês souberem de outros estudos do tipo me contem, por favor?
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