Voltei :)
Depois de uma pequena pausa para recarregar as energias, escrevo animada com o ano que chegou.
Ainda entre edições mais lidas, está a primeira edição da newsletter de 2023, a “Metas de ano-novo ou novos hábitos?” na qual eu compartilhei o desejo de retomar o meu hábito de leitura por prazer. Hoje, um ano depois, posso afirmar feliz que eu me superei, consegui não apenas retomar o hábito da leitura, como fechei o ano com a leitura de 8 livros apenas no mês de Dezembro, tamanha a mudança do hábito.
Existem coisas que são mais fáceis de serem mensuradas, como: fazer atividade física 5x por semana, ter uma alimentação saudável, ler mais. Mas, e quando a “meta” é o crescimento pessoal?
Pois bem, não há como mensurar de forma precisa o quanto amadurecemos, mas podemos observar como amadurecemos pela forma como vemos o mundo, produzimos algo ou fazemos escolhas. Eu cresci em uma cidade sem livrarias, e, quando podia, eu ia na cidade vizinha tentar comprar livros no sebo. Sempre gosto de lembrar do livreiro que me falava que íamos nos deparar com diferentes histórias no mesmo livro, pois, ao longo da vida, a cada leitura, encontramos detalhes antes não valorizados ou percebidos. E acho que isso é uma forma de perceber o amadurecimento do olhar.
Há alguns anos, acredito que do doutorado pra cá, eu descobri um certo encantamento por ler autobiografias, especialmente as que tem relatos de viagens. Meu projeto de leitura para este ano é me aprofundar em dois temas: relatos de mulheres que viajam e também a busca/construção do lar. Temas que ora parecem díspares, ora tão próximos, mas vamos falar sobre isso em um outro post.
Vale a dica: Você conhece a BibliOn? A BibliOn é a biblioteca digital do estado de São Paulo. Quem me apresentou foi a Ale Levy há um tempo, mas eu só comecei a usar no final do ano. O processo é simples, você precisa baixar o app e se cadastrar para ter acesso a inúmeros livros digitais que o acervo disponibiliza. Pelo que eu entendi, é possível fazer dois empréstimos por vez, e cada um tem duração de 15 dias. Não, infelizmente ele não é como outros apps que possibilitam ler no Kindle (se você conseguir, me fala?), mas eu baixei no Ipad e tem funcionado muito bem. Achei que valia a pena compartilhar esta dica aqui.
O que eu estou lendo? No momento, estou lendo “Volta ao mundo em 72 dias” de Nellie Bly, que peguei emprestado no BibliOn, no qual conta a experiência da jornalista em quebrar o recorde de dar ao volta ao mundo em menos de 80 dias, como foi para ela fazer isso no século passado, e todos os problemas que enfrentou como mulher. Ainda do acervo do BibliON, escolhi “O que vem ao acaso” de Ines Cabral, filha do poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto, que narra suas viagens - é dela também “A literatura como turismo”, que também está na minha lista de livros a ler. Passei do papel para o audiobook: “A Place in The World: Finding the meaning of Home” de Frances Mayes - estou amando, especialmente porque dialoga levemente com o curso de restauro que fiz, mas não considero uma leitura fluida, por isso optei por pegar o audiolivro no Audible (peguei uma promo e paguei AUS$0,99 por dois meses, com direito a dois créditos, o que possibilita a compra de dois livros); E, por último, comecei ontem a ler Joie de Ajiri Aki, que fala desde culinária e mesa posta até flanar por antiquários em Paris - bem leve, bem férias. Sim, eu tenho o hábito de ler muitos livros ao mesmo tempo, não sei o que isso diz sobre mim, mas me faz feliz. O primeiro livro que li este ano foi: “Nina Garcia’s Look book”, e, apesar de algumas ressalvas, pretendo fazer um post sobre malas de viagem segundo o que ela menciona no livro - achei pertinente! Finalizei “Um teto todo seu”, de Virginia Woolf, que estava lendo em doses homeopáticas, e também li um de organização de casa, mas essa conversa é extensa, fica pra outro momento.
Recentemente, li a autobiografia de Iris Apfel, que eu apenas conhecia como ícone fashion maximalista até então. O que eu descobri foi que ela era uma decoradora, apaixonada por tecidos, interessada em restauro, viajante, curadora, professora… Ufa! Quantos predicados! O livro foi lançado em 2018, quando ela tinha 96 anos, me encantou pela forma direta como ela conta sua história, sem excessos, mas também sem aprofundar muito em detalhes que não carecem de atenção. Uma das frases que marquei no livro foi “Creativity is a great emocional release; it keeps you happy and healthy” (“A criatividade é uma grande catarse; isso mantém você feliz e saudável”) Para ela, é impossível não se manter ativa, em alguma atividade criativa.
E por falar no uso da criatividade como forma de “emocional release”, recentemente, ví em um vídeo no YouTube uma teoria na qual os filmes “Encontros e Desencontros” (Lost in translation, de 2003) e “Ela” (Her, de 2013) são reflexos do fim do relacionamento de seus diretores, Sofia Coppola e Spike Jonze, que precisou de quase uma década para compor o seu projeto criativo. O vídeo, assim como alguns textos que li depois de vê-lo, comentam o roteiro do filme de Sofia Coppola como um amadurecimento da decisão da diretora em terminar o relacionamento, enquanto o do de Jonze seria uma carta em reposta a ela. A diretora já afirmou em uma entrevista que seu amadurecimento é refletido em diferentes personagens: “Women in my films are parts of me at different stages of my life”. Fiquei curiosa para rever estes dois filmes sob este novo olhar.
Eu estou curiosa por ver Priscila, novo filme de Sofia Coppola. Nesta semana, vi a crítica do filme feita por Isabela Boscov. O que mais me chama a atenção neste filme, e no trabalho de Coppola, é o desejo constante de retratar o olhar feminino a partir de outro olhar feminino. Isso não acontece apenas em Priscilla já que o filme foi construído a partir da autobiografia de Priscilla Presley, mas como também fez anteriormente no remake de “The Beguiled”, um filme primeiramente dirigido por Clint Eastwood, no qual ela faz um retrato a partir do olhar das personagens. Eu confesso que tenho uma preferência por ver os filmes de Sofia em casa pelo fato de serem filmes com um ritmo mais lento. Estou atrasada em relação a algumas obras dela, ainda não vi “Somewhere” nem “The Beguiled” e talvez espere para ver Priscilla no streaming. Achei interessante a composição deste artigo “Sofia Coppola explains how her filmography reflects her personal growth” que contempla tanto as críticas quanto os elogios do trabalho da diretora reconhecida pela beleza de seus filmes.
Logo na abertura desta edição, eu citei o primeiro post de 2023 que comenta o livro de James Clear, Hábitos Atômicos. Embora para alguns ele seja “o óbvio”, eu gosto de reforçar o valor deste livro pois ele foca em “processo”, a criação de hábitos, e não no “produto”, no caso, a meta. Fiquei pensando em possíveis combinações de leitura nas quais ele se encaixaria para a criação de algumas mudanças, caso você tenha alguma das metas abaixo:
(1) Se eu estivesse focada em criar hábitos saudáveis e se preparar para a velhice, eu leria:
A vida que vale a pena ser vivida, de Ana Cláudia Quintana Arantes
Para mulheres: The XX Brain, de Lisa Mosconi (infelizmente, apenas em inglês)
E incluiria aqui algum livro sobre a dieta mediterrânea, ou Zonas Azuis.
Hábitos Atômicos, de James Clear
(2) Se eu estivesse buscando ser mais criativo/a, eu leria:
Grande Magia, de Liz Gilbert
A guerra da arte, de Steven Pressfield
Hábitos Atômicos, de James Clear
Em tempo: alguém aí já fez “O Caminho do artista”? Me recomendaram começar e estou curiosa! Por favor, me conta nos comentários como foi a sua experiência!
Ia incluir aqui, como um número 3, um bloco sobre organização da casa, mas preferi fazer isso sob a forma de uma edição da news que será enviada em breve. Recentemente postei sobre um projeto de leitura compartilhada sob minha curadoria, o “Leia Comigo”.
Bom, por hoje é isso!
É sempre muito bom saber que você está aqui. Obrigada por mais um ano lendo a newsletter, e feliz 2024!
Amei a dica do Biblion e já estou usando bastante! Também sou do time que prefere o Kindle e vi que pelo site você consegue baixar o arquivo do livro. Ele vem em uma extensão da Adobe e basta convertê-lo para .mobi para utilizá-lo no Kindle.
O que tem me ajudado a ler no celular é diminuir completamente a luminosidade da tela para que fique mais confortável (visualmente) e não me deixe sem sono.
Beijos
Nossa, só dica boa! 😍 (e tb faço parte do clube dos que que lêem mais de um livro ao mesmo tempo rs)