Helena Vilela - Uma arquiteta que escreve

Helena Vilela - Uma arquiteta que escreve

Como o olhar se transforma com o repertório e a maturidade

Post 2/2

ago 03, 2025
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Acho que este post merece uma trilha sonora.

Esses últimos seis meses, especialmente pela produção do videocast e o consumo de materiais para a produção dos episódios, além de ouvir nossos convidados, é claro, foram de grande enriquecimento para mim. Talvez algo tão impactante quanto a leitura do texto de Sontag, mencionado na parte 1 deste texto, que me trouxe maior empatia para entender o gosto das pessoas.

Acredito que não tem como não começar este texto de outra forma. De tudo que vi e ouvi nesse primeiro semestre, uma das experiências mais marcantes (e aqui vou liberar um pequeno spoiler com permissão rs) foi ouvir a psicanalista Maria Homem, nossa convidada no videocast, que ao responder uma pergunta disse:

“Eu sou a casa e a casa me é (…) a casa é reflexo do nosso crescimento”
Maria Homem

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Em um mundo extremamente acelerado e que nos cobra cada vez mais coisas e digo isso em todos os sentidos, o silêncio nas conversas interessantes, vistos como um espaço e pausa para reflexão, e o vazio nas casas, como lugar de espera para acolher algum mobiliário que ainda não foi escolhido, devem ser bem-recebidos, sempre - precisamos deixar o desconforto de encará-los de lado.

Pois é… quis dar umas linhas de espaço na intenção de provocar uma pausa, um silêncio nesta conversa que eu e você, leitor, temos aqui. Frases deste tipo demoram um pouco para “assentar”, né? Elas precisam ser sentidas, e trazem consigo o peso de reflexões de uma vida.

Não sei se já comentei aqui, mas, no passado, numa época na qual eu me aventurava constantemente pelo mundo, fiz terapia com uma psicóloga que me perguntou onde era, afinal, a minha casa. E por muito tempo, busquei esta resposta. Ouso dizer que a encontrei diferentes vezes e em diferentes formas e da última vez que me deparei com a reposta, pensei: “É isso. Aos 33, eu cresci”.

Curioso que esses dias ouvi o podcast acima que me tocou muito. Nele, eu não esperava encontrar o que eu encontrei. A entrevistada é a terapeuta e autora Meg Josephson que conta como ela passou anos tentando gerenciar a expectativa dos outros, por isso ela escreveu o livro “Are you mad at me?” que foca em deixar de agradar os outros e começar a agradar a si mesmo. Ao longo do episódio ela conta como foi reformar a sua casa e não saber a cor que gostava - procurando referências externas, ou que seria sentir falta de algo como uma casa - um sentimento que ela desconhecia e sentia falta. O episódio em si é muito interessante e traz alguns questionamentos e reflexões honestos acerca do crescer.

Sobretudo, o crescer não é algo que acontece mas o que acontece quando nós identificamos processos, vontades, “quereres” e o que nós gostamos.

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