As edições da newsletter deste mês seguiram uma linha na qual diferentes assuntos foram conectados. Primeiro, falei sobre a casa, o estilo pessoal e o trabalho da galerista francesa Amélie du Charlad, que preza por bases neutras para que a arte (ou acessórios) se sobressaiam. Depois, na seção curadoria (enviada apenas para assinantes) fiz uma edição na qual comentei qual o vaso de flor mais apropriado para casa flor/arranjo/bouquet junto de uma seleção de vasos. Seguindo, trouxe a reflexão acerca do único livro que li inteiro em Setembro, Filterworld de Kyle Chayka: como reconhecemos o nosso gosto em tempos de uma visualidade tão homogênea ditada pelos algoritmos? Para trazer um tema até então inédito por aqui: cores! Em tempos de uso de muitas cores, será que realmente precisamos ter tudo colorido? Qual o papel das cores das nossas vidas? Onde elas se encaixam? Sendo assim, fecho o mês com esta edição acerca de um tema que me é muito caro por unir cultura, viagens, composição e criatividade - a culinária! Acho que este tema acaba conectando um pouco dos assuntos comentados ao longo do mês.
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No alto dos meus vinte e poucos anos eu me considerava muito moderna, e tinha até um orgulho em dizer que eu não cozinhava. Parece que não cozinhar era uma forma de dizer que você está contra o sistema e as expectativas da sociedade. Corta para quando eu fiz 25 anos, após uma comemoração de aniversário no formato de um brunch que começou às nove da manhã e terminou as 16 da tarde e um diagnóstico no dia seguinte que dizia que eu deveria eliminar lactose e glúten da dieta. Naquela época, pão sem glúten no mercado era um horror, pior que isopor, e as opções eram pouquíssimas. Não adiantou nada aqueles anos dizendo que eu não sabia cozinhar, de uma hora para outra, tive de aprender… era questão de sobrevivência mesmo.
Passados quase 10 anos deste acontecimento, muitas coisas mudaram na minha dieta (e na minha vida). Cozinhar é um glimmer pra mim e poucas coisas me fazem tão feliz como passar algumas horas na cozinha (eu ainda odeio lavar louça, vou deixar claro). Acabei encontrando no ato de cozinhar uma forma de expressão criativa e a (re)criação de experiências. Eu encontro afeto na cozinha, apesar de ter uma dieta regrada e, depois de muitos anos, ter aprendido a comer com moderação.