Metas de ano-novo ou novos hábitos?
Feliz Ano-Novo!
2023 chegou e com ele a conversa de novos planos, sonhos e metas para o ano. Com isso aproveito para perguntar: você faz uma lista de novas metas para o ano ou pensa em criar novos hábitos?
Depois que comecei a acompanhar as semanas de planejamento da Thaís Godinho, do Vida Organizada, eu comecei a planejar novos hábitos ao invés de apenas ter uma meta e eu vejo como isso tem me ajudado. James Clear, o autor de Hábitos Atômicos, me influenciou nisso também. Ao invés de simplesmente dizer: vou ler X livros e talvez me frustrar por não alcançar isso se algo acontecer, penso: como posso melhorar o hábito da leitura neste ano?
Infelizmente, durante o doutorado (entre 2017 e o começo de 2021) eu perdi um hábito que era um dos meus preferidos: ler romances. Eu era uma leitora ávida que lia romances em poucos dias (na verdade, eu sempre li de tudo um pouco, mas romances em sua maioria). Com o ritmo frenético do doutorado, que às vezes me exigia a leitura semanal de duas mil páginas de livros teóricos, este hábito se perdeu. Ao terminar minha jornada de trabalho do dia, eu não tinha forças para ler por prazer. Algumas vezes, inclusive, adormeci com um livro em mãos, sinal de que eu tentava lutar contra o cansaço. Com isso, comecei a consumir mais séries nas horas de descanso.
Quase dois anos depois do fim do doutorado, retomei meu hábito de leitura mas ainda não como era antes em relação aos romances. Comecei a retomar o hábito de leitura ouvindo audiobooks enquanto caminhava pelo bairro, ou na academia, logo após o café da manhã. Os livros de ficção deram espaço para audiobooks de biografias, desenvolvimento pessoal, dentre outros. Já os físicos vieram sob a forma de mais livros técnicos (agora acerca de criatividade e decoração e não história e teoria da arquitetura) Prova disso é que livros de ficção lidos nos últimos 20 meses foram, provavelmente, uns 10 - a maioria audiobooks, sendo uns 2 deles releitura, já os de não ficção, bem… foram bem mais que isso. E eu sinto muita falta de ler romances e, apesar de amar livros físicos, me adaptei muito bem com os e-books, mas eles ficam tão quietinhos no app de leitura que não me chamam tanto a atenção como a estante no escritório. Uma outra evidência de que eu preciso resgatar este hábito são os já conhecidos: Torto Arado, Tudo é rio e tantos outros com escrita belíssimas que repousam na estante do kindle esperando por uma chance de terem concluídas as leituras de suas páginas.
Eu tenho um amigo que muito me influencia. Nos conhecemos em 2018 e eu poderia listar diferentes coisas que ele me inspirou a fazer nos últimos anos. Um de seus hábitos que eu mais admirava era o “livro do final-de-semana”. Sempre que nos encontrávamos de sexta-feira à domingo, ele trazia consigo um livro - no bolso da calça ou do casaco. De preferência um livro pequeno edição de bolso ou fininho. Nada pesado, geralmente um romance curto, contos ou poesia. Ele o lia enquanto esperava em cafés, andava de metrô ou simplesmente estava em casa. Seu objetivo era claro, era a leitura do fim da semana e, normalmente, não conversava com as habituais leituras que fazia para o doutorado. Veja bem, não era uma meta acabar aquele livro naqueles dias, tudo bem se não desse para terminar, a leitura continuaria no próximo, o importante era ter esse hábito de ler algo a parte da leitura de pesquisa/trabalho. Ele flanava pelas ruas na companhia de inúmeros autores e eu achava aquilo lindo.
No final de 2022, li este artigo do Financial Times intitulado: “Why we should all be reading more fiction”. Nele, a autora comenta sobre a magia dos romancistas que conseguem escrever com precisão algo muito próximo da realidade. Segundo ela, ler livros de ficção aumenta a empatia e a inteligência emocional e que de acordo com estudos recentes, pessoas que lêem romances tem uma visão de mundo mais complexa.
In a world so teeming with polarised politics, anything that can contribute to building more complex and nuanced worldviews should be embraced. So I hope to have convinced all you life-hackers and productivity gurus that you can’t actually “hack” the benefits you get from reading a great novel. (Jemima Kelly)
Sendo assim, inspirada por este artigo, me propus a criar um novo hábito em 2023: ler mais ficção e, possivelmente, zerar a lista de livros não lidos que se acumulam na minha estante - seja ela física ou virtual. Com isso, me inspirei no meu amigo para criar o hábito da ler livros de ficção aos finais de semana. Criei uma pequena lista que contempla de 3 livros por mês, organizando-os por trimestre e temas. Todos, claro, leituras possíveis de serem feitas aos finais de semana, o que era um pré-requisito.
Me organizei assim:
Em Janeiro, quanto tenho mais fôlego para ver e ler livros clássicos, escolhi reler e ler Jane Austen, para relembrar o clima de férias da adolescência.
Em Fevereiro, mês mais curtinho, escolhi terminar os que não terminei em 2022 por motivo de semanas tumultuadas de trabalho, são eles: Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, Tudo é Rio, de Carla Madeira, e a Pequena coreografia do adeus, de Aline Bei, que ainda não comecei mas quero ler há tempos.
Na sequência, em Março, escolhi a trilogia Esboço de Rachel Cusk, cujo audiolivro eu comecei, mas também não consegui terminar.
Sei que algumas leituras são feitas em doses homeopáticas, logo, não sei se será possível terminar o cronograma tal como planejado. No entanto, programei apenas 3 para que eu possa ir ajustando de acordo com o ritmo de leitura.
Ah, comentei que amo Janeiro e aproveito para ler clássicos e ver filmes de época, né? Estou ansiosa para ver o filme Emily, cinebiografia da escritora Emily Brontë, autora do clássico “O Morro dos ventos Uivantes”. A previsão é que chegue aos cinemas hoje, no dia 5 de Janeiro. O filme é de autoria e direção de Frances O'Connor, atriz que interpretou Fanny Price na adaptação de Mansfield Park (1999) para o cinema. Neste vídeo, a autora/diretora comenta brevemente sobre as pesquisas e os desafios criativos para fazer o filme.
E você, como estão seus hábitos de leitura? Alguma recomendação?
Compartilhe comigo nos comentários! Quem sabe não nos influenciaremos assim?! :)
Eu tento ler 30 minutos por dia, livros não ordinários.
Fim de semana eu aumento o tempo, mas não leio mais de 1 hora.
Eu percebi que muitas pessoas trocaram os livros pelas séries, infelizmente.
Ha 7 anos não leio com regularidade e quero retomar o hábito. Inclusive trocar metas por melhorar hábitos é algo que tenho em mente para 2023!