Exercitando a percepção e observando cenários #1
Um filme e diferentes aprendizados sobre decoração
Olá!
Se você está por aqui há algum tempo, provavelmente sabe que eu amo a cor branca na decoração. Amo esse relacionamento que o branco tem com a luz, capaz de transformar o ambiente ao longo do dia. Esses dias estava assistindo o filme “Blackbird” (2019), quando percebi que poderíamos tirar importantes observações acerca do uso da cor da branca na decor, interior styling e decoração festiva. Compartilhei minhas observações abaixo:
A importância do teste de cores nas paredes
Estava buscando uma forma de escrever sobre a importância do teste de cores que desejamos usar nas paredes de casa em diferentes lugares e alturas por conta da luz. Provavelmente você já ouviu ou leu que deve-se fazer o teste da cor antes de pintar, mas, as pessoas costumam pintar grupos de cores no mesmo lugar, o que acaba pro também influenciar na cor do teste.
O melhor é pintarmos pequenos pedaços de papelão - cada um com uma cor - e fazer o teste separadamente em diferentes alturas e paredes. Uma forma de ilustrar isso: esse still do filme.

Percebem como a luz é capaz de transformar a nossa percepção do branco em um mesmo ambiente?
Simplicidade não é sinônimo de minimalismo
Esse filme foi feito em uma casa, encontrada por Katie Winslet - que está no elenco, e não em um set de filmagens. Está inserida em um lugar de uma beleza idílica - veja mais dela no trailer aqui! Em oposição ao seu exterior feito com madeiras bem escuras, seu interior é majoritariamente branco e bem iluminado com linhas retas e poucos detalhes (o rodapé é da mesma largura que a guarnição das portas; uma simplicidade pontuada por arte e cores, com destaque para os quadros de Alan Fears.
Uma casa em uso nunca é perfeita.
Por mais bonita, elegante e organizada que uma casa seja, uma casa habitada é sinônimo de coisas foras do lugar - o terror de qualquer pessoa sob muita influência do signo de virgem. Por mais que uma casa tenha o styling perfeito ou siga o melhor método de organização, organizar é um hábito; é tarefa constante e temos de zelar por isso. E, por falar nisso, eu sou fã do método da Nikki Boyd, na minha opinião, acho que é o que melhor se encaixa na nossa cultura.

Você tem o hábito de ler e possui uma vasta coleção de livros? Permita que eles façam parte da decoração, mas saiba que livros as vezes vão pender para um lado ou outro, alguém vai mexer na ordem, ou tirar do lugar. Uma casa habitada tem disso; ela tem vida; ela não é algo estático em um museu. Uma dica: sempre deixe sua estante 30% vazia - isso dá movimento e permite um fácil manuseio dos livros que estão ali.

A importância dos acabamentos
Eu, pessoalmente, não gosto de coberturas brilhosas. Gosto sempre de superfícies foscas. Embora sejam mais difíceis de limpar, acho que são mais elegantes e refletem menos a luz do que o primeiro acabamento, e que tende a evidenciar imperfeições.

Harmonia em todas as escolhas
Eu amo como tudo nessa casa se mostra como um conjunto, no qual é possível perceber que até os pratos de bolo estão em harmonia com a decoração. A linguagem usada ali é pensada nos mínimos detalhes.
Tudo bem que estamos falando em um filme, mas é interessante reparar em todos os esses detalhes; eles também comunicam nossas preferências e o design que acolhemos.

Styling
O interior styling desta casa é belíssimo, e extremamente bem pensado de acordo com a casa.

Do quadro da lagosta reclinado na janela da pia (possivelmente um desenho de alguém ou uma memória importante para o casal);

A escolha dos vasos; que transitam pela casa em diferentes locais ou alturas; é possível ver o mesmo vaso sendo usado em diferentes contextos - como na Imagem 1 como porta laranjas e na imagem 8 com este arranjo de folhagens. Até o detalhe dos arranjos, que são simples, ora com flores da mesma cor - ora folhagens pontuadas por cores. Uns vasos são isentos de ornamentos numa estética minimal, outros ricos em texturas. Assim como os copos, jarras de água e objetos de servir; ora lisos, ora com texturas na vertical - toda linguagem da casa é traduzida também nesses elementos, de muito bom gosto que estão selecionados ali. Se você quiser ver o filme para observar os detalhes - preste bem atenção nas cenas das refeições. Os copos e jarras mudam, são lindos! Confesso que adoraria comprar todos.

Decoração temática
Veja como essa decoração de natal contém a mesma linguagem da casa. A árvore sob o abajur é - pelo que parece - de um vidro soprado verde, ela é simples. As renas, (possivelmente de Murano?) são transparentes não impondo peso, mas colocadas de uma forma bem bonita na mesa junto à uma folhagens e pinhas e velhas simples, básicas, aparentemente sem texturas, em diferentes alturas e tipos de castiçais. Você identifica o Natal ali, mas ele não precisa tomar conta de todo o espaço ou ser uma linguagem com qual você não se identifica. Personalize a decoração de acordo com o seu gosto. Eu, particularmente, amei esta! Não adianta você gostar de simples e usar aquele castiçal rococó herdado da avó se você não possuir nenhum vínculo ou afeto com aquele item.