Bom dia! Como você passou a semana?
A newsletter da semana passada rendeu ótimos comentários. Várias pessoas já exercitando o olhar e reparando mais nos detalhes que antes passavam despercebidos.
Acerca da busca por referências, vou incluir aqui um exemplo postado pela minha amiga Lívia em seu instagram e que me chamou muito a atenção: o restaurante italiano Pietro Nolita em Nova York. O lugar elegeu o rosa como cor principal para sua identidade visual. Segundo o dono, a cor foi escolhida baseada nos tons pasteis encontrados na Riviera italiana e na estética do Memphis Group, um grupo de arquitetura pós-moderna criado na Itália nos anos ‘80’. O fato da cor rosa ser a preferida de Pietro colaborou com a escolha, (ele inclusive tem uma loja que é quase como um movimento em prol do rosa, a Pink as Fuck). No entanto, percebem o caminho feito até a escolha da cor? Vejam quantas referências: um grupo de arquitetura, um lugar, uma questão afetiva… por isso a importância de não nos atermos ao que é comumente relacionado ao lugar e criarmos nossas próprias referências, aumentando assim nosso repertório.
Já que falamos do Memphis Group, alí pertinho do Pietro Nolita, no SoHo, está a Raquel’s dream house , da colecionadora Raquel Cayre que, em 2018, abriu sua townhouse para exposição como uma espécie de instalação. Um ambiente isento de regras onde tudo é muito lúdico e mobiliários contemporâneos dividem espaço com peças de design da década de 1980, dentre elas criações do Memphis. É ela a responsável pela curadoria do @ettoresottsass, uma conta no instagram que tem como objetivo homenagear Ettore Sottsass, arquiteto e um dos fundadores do grupo italiano. Segundo Cayre, abrir sua casa foi como dar vida ao seu feed, como pode ser visto neste artigo da Dezeen. Vale o clique: ao abrir o site dela, tem uma janela com inúmeras frases, como “imagine uma cadeira”, “andar pelas areias do lugar”, “"Canal St as 7 da manhã”, o “o rosa do pôr do sol” - uma mini-instalação por si só. Eu curti!
Sendo assim, aproveitando que falamos sobre Nova York, e uma curadora de fotografias, vou recuperar por um momento o olhar de duas fotógrafas que estavam no MoMA na década de 1940 e que fizeram algumas fotos do Brasil. Um olhar estrangeiro e feminino acerca do nosso cotidiano e arquitetura. São elas Genevieve Naylor e Rosalie ‘Rollie’ McKenna.
Naylor era conhecida como uma fotógrafa de moda. Suas fotos eram publicadas em revistas como a Time e a Life Magazine, até a Vogue e a Harper’s Bazaar. Veio ao Brasil, onde permaneceu por quase 3 anos, fotografando o cotidiano do Rio de Janeiro e alguns outros lugares no país. O resultado foi uma exposição chamada “Faces and Places in Brazil” (MoMA, 1943). Talvez você reconheça algumas delas, como expostas aqui, especialmente a do bonde, ou esta das moças no calçadão, popularmente difundida. Ah, e como ela era uma fotógrafa de moda, resolvi deixar aqui este link com as fotos que ela fez no período do pós guerra em cores! Preciso comentar que a minha preferida é a foto na qual a modelo está entre obras de Calder? Acho que não né?! Ps: Adivinha onde ela morava em NYC? Lá mesmo, no Greenwich Village, o lugar mais artsy de NY à época.
Rollie é comumente conhecida por seus retratos de figuras ilustres da literatura norte-americana, dentre eles Truman Capote, Silvia Plath, Anne Sexton e Elizabeth Bishop (clique no nome para visualizar as fotografias que compõem o acervo da National Portrait Gallery do Smithsonian, em Washington, DC). Ela era reconhecida por seus retratos informais. No entanto, na década de 1950 veio à América Latina acompanhando o crítico H.R. Hitchcock e fotografou a produção arquitetônica contemporânea à época para compor a exposição: Latin American
Architecture Since 1945, inaugurada em 1955. Uma galeria de fotos da fotógrafa pode ser vista aqui.
“Think Pink”! Após falarmos sobre cor-de-rosa, fotografia e um pouco de moda nessa news, eu fiquei até com vontade de assistir ao filme “Funny Face” com Audrey Hepburn e Fred Astaire. A cena na qual Audrey desfila no Louvre é a minha preferida! Aliás, você sabia a escultura que aparece atrás de Audrey Hepburn no filme, a Vitória de Samotrácia (Nike) - também conhecida como Vênus Alada, foi a inspiração por trás da marca Nike? Além disso, é ela a deusa que estampa as medalhas olímpicas desde os jogos de 1928!
E já que estamos na temática do “olhar estrangeiro”, e aproveitando que é a última semana dos jogos paraolímpicos, descobri essa semana um projeto chamado The Kimono Project no qual um item tão importante na cultura japonesa, o Kimono, recebeu estampas inspiradas em casa país. É interessante observarmos como as estampas são apresentadas na linguagem tradicional japonesa mas com essas inspirações. Gostei muito do fato do kimono do Brasil ter fundo branco, veja-o aqui. Se você ficou curioso, os outros kimonos podem ser acessados neste link. Eu fiquei um bom tempo entretida, olhei vários!
Na última news eu esqueci de comentar uma insta/site que gosto de acompanhar: o 85 Paris. É um blog&shop em Paris com uma curadoria de peças latino-americanas, especialmente Mexicanas. Além das peças serem muito bonitas, eu também gosto de acompanhar os moodboards e a produção visual feita para o instagram.
O Arquiteto mexicano Ricardo Legorreta disse uma vez que não era só usar rosa numa arquitetura que a tornaria Mexicana. Um spoiler? O México será o “destino” de umas das Newsletters que estão por vir! Falaremos sobre duas Fridas, drinks, arte e, especialmente, arquitetura!
E pra finalizar, a extensa news dessa semana, já que falamos em Drinks, e cor-de-rosa, acho que se a cor rosa tivesse um sabor, seria o de um cosmopolitan - receita aqui!
Até a próxima!
Obs: Rollie Mackenna e Elizabeth Bishop foram alunas do Vassar College, uma das ‘sete irmãs’, as universidades exclusiva para mulheres nos Estados Unidos, lembram que falamos sobre isso na Newsletter #2?