Nesta primeira “temporada” de Places, vou apresentar algumas cidades com as quais eu tive alguma relação afetiva. Chicago não teve como não ser a primeira, afinal há muita arquitetura ali.
Como segunda cidade a ser apresentada, escolhi Boston, pois morei em Cambridge, ali do ladinho, logo antes da pandemia. As dicas que coloco aqui são dicas que dei para vários amigos queridos e com as quais obtive muitas repostas bacanas. Meu primo, por exemplo, perdeu a conta de quantos chocolates quentes tomou em um único dia no L.A. Burdick. Acredite, eu acho que eu experimentei todos os chocolates quentes que existiam na Harvard Square entre 2018 e 2019, e esse era meu preferido.
Assim como fiz com Chicago, aqui não vou me ater à dicas tradicionais como o Freedom trail, a Accorn St, ou Quincy Market. Isso você provavelmente já deve ter ouvido. Quero compartilhar aqui o que fazia meu coração vibrar.
MFA Late Nites
Quem me apresentou ao mundo das festas em Museus foi meu amigo Edu, também arquiteto, lá em 2013! A primeira festa em museu que eu fui foi uma sunset party no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, na abertura de uma exposição do Ai Wei Wei. Desde então eu adoro ir a uma destas festas sempre que tenho a oportunidade.
O Museu de Belas Artes de Boston, o MFA é o tipo do museu que tem tantas alas e seções que não é possível visitar tudo com calma em apenas um dia. Eu mesma fui nele pelo menos umas 6 vezes enquanto morei em Cambridge. A ala do Monet é um must go. É lá que está o La Japonaise, quadro no qual Monet pintou sua esposa, Camille, usando um kimono em 1876. É um quadro que impressiona pelas suas dimensões (ele tem 231.8 x 142.3 cm).
Uma festa em um museu muda completamente a experiência em relação ao espaço de exposição. A MFA Late Nites, como são chamadas estas festas do MFA, costumam ser inspiradas nos temas das exposições vigentes. Se você estiver em Boston em época de abertura de exposição, VALE A PENA ir não só no museu mas também em um evento assim, caso você nunca tenha ido (e se você já foi, vale a pena ir de novo!).
Isabella Stewart Gardner
E por falar em festas em museu… O Isabella Gardner é famoso por ter sido palco de um crime nunca resolucionado. Aconteceu um roubo no museu e o espaço onde a obra (ou as obras, não me lembro ao certo) ficava é mantido vazio. Neste espaço cheio de histórias e artes há vários eventos interessantes para ir.
Quando eu morei em Cambridge, meu programa preferido nas quinta-feiras era ir ao museu, pois nesse dia sempre tinha uma festinha com música, atividades e drinks dentro do museu. Diferente do MFA, onde a festa acaba tendo ares de festa com DJ, músicos e afins, as do ISG são mais low key, incorporando diferentes atividades de acordo com as exposições vigentes (tanto na área “antiga” quanto na área “nova”, que abriga arte contemporânea). Estas atividades que podem ser específicas ou unir mais de uma arte, como por exemplo a integração de música e arte, ou apresentações de teatro no auditório, além de contar com bares ao longo do trajeto. Atualmente, mesmo depois da pandemia, o museu preserva não apenas os concertos como a entrada gratuita na primeira quinta-feira do mês.
Os concertos no Isabella são belíssimos! Clique aqui para ver a programação do Museu.
ICA + Waterfront
Agora, deixei esse por último porque era um passeio que eu fiz inúmeras vezes. Eu amava ir ao Instituto de arte contemporânea e ficar passeando pelo waterfront. Se você via Ally Mcbeal, o waterfront é exatamente as cenas de Boston que passavam no seriado. É uma parte bem bonita da cidade. O ICA tem uma vida que acontece em sua arquitetura de forma independente das exposições que abriga, é bem legal!
MÚSICA
Boston Opera House
Última dica antes de mudar de seção: se você for a Boston na época de Natal, recomendo assistir “O quebra-nozes” na Boston Opera House!
Shows
Se você gosta de música, vale a pena ficar atento a cena musical da cidade. Projetos como o Sofar tendem a apresentar novos talentos em diferentes lugares da cidade, eu por exemplo, assisti a um show em uma destilaria, foi bem diferente. Já a tradicional City Winery teve shows de cantores bem legais enquanto eu estava lá, como Rachel Yamagata (da minha adolescência) e Hozier, por exemplo, que na época ainda não era tão famoso ainda. Tive a oportunidade de ir a diferentes shows enquanto morei lá, por isso indico sempre prestar a atenção quando estiver na cidade pois a programação é ativa e sempre traz pessoas interessantes.
COMER E BEBER
Café com docinho no North End
O North End um é um bairro com ares de Little Italy em Boston. Existem ali restaurantes tradicionais como o Carmelina's, mas o que eu gostei mesmo foi um passeio para descansar, parar para tomar um espresso e comer um canolli ou outro docinho - ai, o tiramisú deles é maravilhoso! - no tradicional Caffé Vittoria. Não espere nada chic, mas conte com algo muito saboroso.
Ali pertinho tem o Neptune Oyster, que só de escrever minha boca saliva, mas eu nunca consegui mesa quando fui até lá (eles não aceitam reservas, só por ordem de chegada).
Em Boston, no verão, há vários lugares que servem ostras com rosé - o par é fresquinho e refrescante, ideal para o calor. Recomendo!
Já no inverno, o Clam Chowder - um creme de mariscos, é perfeito para aquecer! Muitas pessoas indicam ter a experiência de comer este creme no Quincy Market, um mercado tradicional da cidade que abriu em 1826!
Shakshuka no Tatte
A começar pelo ambiente, que parece saído do Pinterest, o Tatte Bakery é um lugar que serve para todas as horas. Eu ia tomar café da manhã, café da tarde, almoço, brunch, e até finalizar a noite com um docinho após o jantar. Agora, a Shakshuka deles, esse prato de origem israelense é sensacional!
Lembro que o Tatte foi o primeiro lugar no qual eu entrei em Cambridge, porque ele me chamou muito a atenção! Ao ver o prato fiquei super curiosa, mas só fui comer dias mais tarde, e acabou se tornando minha comfort food preferida na cidade!
Para todos que recomendei, amaram! Acho que vale a pena colocar essa dica aqui também.
Se você quiser incluir em um roteiro, tem uma na Charles St, em Beacon Hill, bem pertinho da Accorn St - a rua mais famosa de Boston. Vale dar uma volta pela Charles St desde o começo. Eu amava ir na Danish Country Antiques (infelizmente fechou em 2020) e ficar andando por ali.
Em Beacon Hill, dá para ir na Accorn St, descer para o Boston Common e depois caminhar pelos arredores, onde há várias várias lojas e cafés interessantes. E se deparar com edifícios como a Boston Public Library, a Trinity Church ou o Boston Athenaeum, também aberto à visitação.
Chocolate quente no L.A. Burdick Handmade Chocolates
O título já diz tudo! Adoro a diversidade de chocolates, os sabores, tudo! É muito gostoso e vale a pena - vale explorar o cardápio também! E ainda dá pra passear pela Newburry St. depois.

Boston Public Library
Agora, não posso esquecer de um lugar que inspira os leitores ávidos: A Boston Public Library!
Porquê eu a deixei por último, vou explicar: além de visitar uma biblioteca linda, você ainda pode tomar um chá da tarde, daqueles bem tradicionais, no pátio da biblioteca. Uma experiência completa! Mais detalhes aqui.
Para seguir: O Matthew Dickey, é um “Streetscape Curator”, ou seja, um curador de paisagens. Eu o conheci pessoalmente e tive a chance de encontrar com ele algumas vezes. Além de ser uma pessoa superengraçada, eu acho incrível essa curadoria de paisagens que ele faz em seu Instagram @streetscapecurator, vale a pena seguir e conhecer mais da cidade pelos olhos dele!
CAMBRIDGE
Cruzando o Rio Charles, você vai chegar em Cambridge, e ali tem tudo que a vida universitária pode oferecer. Vale a pena conhecer os campi de Harvard e o campus do MIT. Lembre-se que você não pode adentrar os edifícios, mas só de estar ali é uma experiência divertida. Se você tiver sorte, consegue comer embaixo do Miró que existe no student center de Harvard (pelo que eu me lembre, lá não precisava de carteirinha para entrar). Recomendo este artigo “When Harvard went modern” para entender um pouco mais sobre a influência da Bauhaus na universidade.
Se você quiser uma autêntica experiência universitária, eu recomendaria experimentar os sanduíches do Darwin ou a famosa pizza quadrada do Pinocchios. Acho que eu deveria fazer um post só com dicas de Cambridge! Eu teria inúmeros cafés para indicar na Harvard Square, amava aquela região.
No entanto, para mim, o que mais vale a pena é fazer uma visita ao Harvard Art Museum! Recentemente, ele se tornou um museu com entrada gratuita. Espere encontrar ali obras de Degas, Calder, Serra e muitos outros! Ah, não se esqueça de comer o bolo de chocolate na saída, enquanto observa a vida no pátio do museu.