Eu amo cadeiras e se tem algo que eu acho que muda um ambiente completamente, é uma cadeira ou uma poltrona que acabam ficando em posição de destaque e indicam a linguagem do styling daquele espaço. Gosto de dizer que dado o posicionamento, uma cadeira tem uma função quase escultural.
Na foto abaixo, do projeto de Cotswolds de John Pawson, é possível ver o destaque do mobiliário em oposição à sua linguagem minimalista.
Um outro exemplo, se observarmos a capa do livro da designer Athena Calderone ( imagem abaixo), que ficou em destaque nos últimos anos como um dos mais vendidos, é possível ver como a cadeira de Pierre Jeanneret fica em evidência neste espaço em tons neutros e bem sóbrio.
Já aqui, podemos ver o mesmo espaço com outras 3 configurações para além da configuração tal como vista na capa do livro. Eu, por exemplo, adoro como a cadeira standard de Jean Prouvé, abaixo à direita, compõe o espaço.
O mesmo espaço, poucos acessórios e diferentes linguagens.
Eu sempre vi a cadeira como um objeto de desejo, um primeiro contato com o design algo como uma bolsa numa marca de moda; um acessório importante que complementa e pode dar o tom de toda uma composição. O consumo deste tipo de mobiliário, ao meu ver, é sempre pautado por um desenho que advém do conhecimento e admiração pelo trabalho de alguém. Conheço pessoas que podem não saber muito acerca de Gerrit Thomas Rietveld e da Schröder House, mas conhecem a cadeira Zigzag e a cadeira Rietveld.
Hoje, resolvi selecionar algumas cadeiras de madeira que tem chamado ainda mais a minha atenção nos últimos dois anos.
Cadeira SUD da designer argentina Patrícia Lascano
Eu a conheci por meio de uma amiga, ao vê-la em foto de sua casa. Ela me disse que havia comprado a cadeira na Cremme que, infelizmente, parou de importar o modelo. O meu interesse na cadeira era tão grande que até cheguei a entrar em contato com o escritório dela na Argentina, mas apesar de atenciosos e de dizer que importariam a cadeira para cá, nunca me enviaram o orçamento mesmo com cobranças. Atualmente, eles tem um modelo chamado de cadeira Fleur, inspirado no design da cadeira SUD, cuja autoria é indicada como sendo de Pierre Colnet e Hadrien Lelong.
Cadeira Round de Hans J. Wegner
Eu gosto muito do moderno, não é surpresa para ninguém aqui. O design do dinamarquês Hans J Wegner me chama a atenção e, nos últimos anos, até alguns designs que me causam estranhamento tem ganhado a minha afeição - talvez por eles estarem cada vez mais evidenciados em projetos pelo mundo.
A cadeira Round, disponível no Brasil pela Nordic, é o meu design preferido dele por sua forma, simplicidade e beleza. O que eu mais gosto é que ela tem diferentes composições de materiais o assento pode ser com uma trama de material natural ou tecido.Cadeira 556-2 da paulista More_Modernism
Quando vi esta cadeira, o modelo 556-2, da paulista More_Modernism, na SP Arte, eu fiquei encantada! Sinto uma sensação agradável no olhar tal qual a que sinto quando vejo a cadeira de Wegner. Gosto do trabalho da trama do couro, da curva do encosto do assento. Embora o desenho pareça delicado, a junção dos materiais a torna resistente. Este é o tipo de cadeira que tem um público mais específico, acredito eu.
Fonte da foto: Atelier Peclat Cadeira Joaquim, Cabiúna
Se eu tivesse um cantinho estreito no meu apartamento, e que necessitasse de algo, eu acho que escolheria a cadeira Joaquim, disponível na Boobam, para compor esse pequeno espaço com um pequeno quadro acima e talvez até ousaria colocando alguns livros sobre ela.
Acho que é um design contemporâneo simplificado, o que eu amo, que foca no material acima de tudo. Penso nela como um design jovem, descolado talvez.
Gosto muito de como ela me lembra vagamente da maravilhosa cadeira Lúcio de Sérgio Rodrigues (abaixo à direita), esta disponível na Dpot, e, ao mesmo tempo, também me lembra vagamente da Cadeira J39 Mogensen, de Børge Mogensen (abaixo à esquerda), também disponível na Nordic.Cadeira Girafa, de Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki,
Elegante, simples e brasileira. O modelo, produzido e disponível pela Marcenaria Baraúna, já foi mencionado por aqui. Gosto como ela contempla uma bossa, além de ser carregada de personalidade. Acho que é o tipo de cadeira que precisa de destacar em alguns espaços, por isso, seja a versão cadeira ou banqueta, gosto de pensar em sua inserção em espaços dotados de simplicidade, sem excessos, como propus neste post.Aliás, eu adoraria ler Marcenaria Baraúna: Móvel como arquitetura, que aborda a relação entre design e arquitetura.
Qual o seu modelo preferido? Compartilhe comigo nos comentários!
Até breve.