Há tempos o livro JOIE estava na minha lista de compras. Ele é um lindo coffee table book e eu me arrependo em parte de ter comprado a versão para Kindle, mas fui motivada pela facilidade de ler seu conteúdo.
Podemos dizer que Ajiri Aki, estadounidense de origem nigeriana radicada em Paris, é uma curadora de antiguidades em sua marca Madame de la Maison que não apenas vende, como também aluga objetos para projetos. Ela tem uma visão do uso de antiguidades e linho como valores sustentáveis. E durante o livro todo ela mostra como o seu olhar estrangeiro em Paris foi amadurecendo e aprendendo com a cultura local, e como ele foi não apenas transformado mas também “aclimatado” com a experiência de morar na cidade. Isto é o que o livro tem mais de valioso. Não, não são as dicas, não é o guia que ela se propõe a fazer, é como ela nos revela a educação de seu olhar, as influências da infância neste modo de ver a vida e sua transformação ao longo de sua trajetória.

Eu nunca comprei nada em feira de antiguidades, pois a minha feira de antiguidades era a casa da minha avó. Tenho jogo de xícaras dos anos 70, pratarias lindas que foram vindo aos poucos da casa da minha mãe pra minha, castiçais e jogos de sobremesa que minha avó ganhou do pai dela quando era adolescente… enfim, inúmeros itens que compõe hoje o meu acervo vieram diretamente da casa da minha avó. Aliás, o pegador de salada que ilustra a foto, eu tenho um igual, ele veio em dupla com o pegador redondo. É a minha cara? Não, mas eu uso com um prato minimalista e fica um conjunto interessante e isso é bem mais a minha cara. O mais importante é o que ele representa.
Eu sei que nem todo mundo tem um fornecedor bom como o meu. Então vou colocar aqui as dicas de Ajiri Aki para comprar antiguidades, tais como expostas em seu livro Joie.
Dez dicas para comprar antiguidades, segundo Akiri Aki1
Use a sua imaginação.
O que mais me chamou a atenção no livro é justamente o styling que ela faz com as peças que tem. O que ela propõe logo de cara na lista é imaginar uma nova proposição para o objeto que não sua intenção/função originalProcure perfeição na imperfeição.
Segundo aki, o que torna um objeto único é a sua imperfeição. É claro que deve-se atentar ao estado da peça, especialmente têxteis, mas é preciso abraçar a pátina do tempo e os sinais de uso em algumas peças. Lembre-se você sempre pode restauras algumas coisas que incomodam.
Não tenha medo de pedir por um preço melhor.
Não permita que você se arrependa por algo que não comprou.
Aqui ela alerta para um algo importante: por serem objetos únicos, saiba o quanto você está disposto a pagar por um item, pois não é fácil encontrar a mesma peça duas vezes e você pode vir a se arrepender de uma compra não feita.Pule alguns stands, mas revire outros do avesso.
Sabemos que encontrar algo especial nestes ambientes pode ser como ganhar na loteria. Aki então comenta que para fazer um achado, as vezes é preciso procurar bastante. As vezes é fácil encontrar algo precioso num lugar organizado, outras vezes é preciso olhar bastante. Lembre-se “quando menos organizada a loja, melhor os preços”.Confie nos seu instinto.
Outra observação que ela faz é que “Se algo parecer muito novo, deve ser (…) Saiba reconhecer se o item foi reparado ou não”.Eduque-se.
Aqui é a minha dica preferida e vai de encontro a missão desta newsletter: Eduque o seu olhar para fazer boas escolhas. Expandir o repertório de estilos é necessário. Para isso, visite museus, colecione livros de arte e viaje.Quem chega cedo consegue as melhores peças, quem se atrasa consegue os melhores preços.
Ajiri aconselha que ao ir em uma feira, você passeie pelos stands bem cedo, faça uma pausa volte mais tarde para uma nova visita.Vá preparado e vista-se de forma confortável.
Ela alerta para o uso de roupas confortáveis já que esta é uma atividade que toma tempo. Além disso, aposte em bolsas transversais ao corpo ou pochetes para ter as mãos livres. Ah, não esqueça de levar a fita métrica e tenha sempre em mãos as suas medidas para não fazer compras equivocadas.
Conheça os fornecedores.
A última dica colocada por ela é no sentido de estreitar laços não apenas para saber as histórias das peças mas também para que eles ajudem na busca por algum item específico. As vezes eles podem até ter a peça em estoque, elas apenas não estão visíveis.
O meu interesse por antiguidades vem do fato de eu ter crescido num ambiente com itens assim e, consequentemente, ter herdado vários itens especiais e com isso o desafio de construir espaços interessantes que conciliem a minha linguagem com a minha história, colocando todos esses itens em harmonia. Apesar de não ser uma pessoa que frequenta feiras com o intuito de fazer compras para minha casa (mas eu amo flanar por esses ambientes), achei que Ajiri Aki era uma pessoa muito indicada para pontuar essas dicas e por isso quis dividir aqui.
Espero que você possa aproveitar algumas dessas dicas. Seguimos juntos!
Até breve.
Adaptei o texto original com minhas palavras para que ficasse mais apropriado e menor. O título de cada item se mantém fiel ao que ela escreveu.