Inspirações de Dezembro
Eu sempre acho um desafio fazer a edição de inspirações de Dezembro. O porquê da dificuldade está conectado não apenas ao “caos” do mês - que parece ter 34 eventos por dia além da rotina - mas também as inúmeras inspirações que parecem aparecer o tempo todo em meio a agitação dos dias. Queria muito fazer uma edição toda pautada pelo wabi sabi. Mas, ao ler o livro de Beth Kempton, primeiro desanimei a ler a versão digital (peguei emprestado pelo Biblion) tamanha a quantidade de marcações que fiz.. e segundo que eu entendi que o wabi sabi é uma condição única de olhar o mundo e não um adjetivo como tem sido utilizado no ocidente. Então, vou fazer aqui um entrelaçado de memórias e acontecimentos com frases dos livros e resgatar um pouco o formato original do post como fazia antes pela nostalgia do conteúdo.
Achei que ler wabi sabi em Dezembro, até onde eu li, completou bastante o ciclo de leituras de mulheres viajantes. Ela é uma viajante no Japão e se colocou a missão de descrever o que é o wabi sabi, perguntando para as pessoas. Como ela coloca, é algo tão imbricado no cotidiano que muitas pessoas nunca tinham expressado em voz alta o que era o wabi sabi para elas… Uma coisa que me tocou acerca do Wabi Sabi e da escrita de Kempton é quando ela coloca da seguinte forma:
“Wabi Sabi é uma reação profundamente humana à beleza que todos temos a capacidade de vivenciar se estivermos sintonizados com ela. Wabi Sabi nos convida a estar presentes, de olhos e coração abertos para a beleza” - acho que isto dialoga muito com o meu bordão “que seu olhar encontre beleza por onde passar” que vivo repetindo por aqui. Wabi Sabi, como Beth coloca, é reconhecer o momento presente, valorizar a simplicidade e a imperfeição da matéria… e mais importante: é uma nova forma de olhar - tudo a ver com o que escrevo por aqui, não?!
Para ela, “Wabi sabi vai além da beleza de qualquer objeto ou ambiente, e se refere à reação de alguém a esta beleza profunda. Wabi sabi é um sentimento intangível. O Wabi Sabi de uma pessoa não é o mesmo da outra, porque cada um de nós vivencia o mundo de forma única. Sentimos wabi sabi quando entramos em contato com a essência da beleza autêntica, despretenciosa e imperfeita, que fica ainda melhor justamente por isso. Essa sensação é gerada por uma beleza natural austera e sem adornos” o wabi sabi “se relaciona à natureza da vida em si”. Wabi está relacionado com o “valor estético da simplicidade” - é como uma ideia de contentamento que se distancia do materialismo e enquanto Sabi, em seu sentido original, como a autora coloca, quer dizer “pátina, visual antigo, simplicidade elegante” passou a estar ligado com a pátina do tempo, a elegância que advém da idade. Eu não vejo a hora de continuar a leitura para aprender com a visão dela acerca desta forma de olhar.
