Antes de começar a edição de hoje, gostaria de lhe perguntar algo: O que você gostaria de ver por aqui? Vou adorar saber se você puder me dizer respondendo este e-mail! :)
Quinta-feira foi meu aniversário, e eu me dei um presente inusitado: tirei um dia off para nutrir o intelecto. Fui à São Paulo ver duas exposições que eu queria muito ver e que ainda não tinha tido tempo de ir: Calder + Miró, no Instituto Tomie Ohtake, que fica até 15 de Setembro de 2024, e Dar forma à forma, na Galeria Teo, até dia 15 de Agosto de 2024 - acho que já tinha comentado sobre ela por aqui, no post com minhas notas da SP-Arte.
Tenho um amigo que um dia me disse que viajar é como viver. Por mais que tentemos programar as coisas, elas vão sair do controle e nos surpreender. Acho que visitar uma exposição é assim também. Por mais que saibamos o conteúdo, ela sempre terá uma forma de nos surpreender. A exposição de Calder + Miró me surpreendeu de uma forma diferente. Ao adentrar, me perguntei se mencionariam o encontro de Flávio de Carvalho com a obra de Calder em Paris, e a amizade de Miró com João Cabral de Melo Neto. E sim, estavam lá mencionados. Aliás, cheguei a comentar que dentre os livros que li este ano, li dois livros (um editado e outro escrito pela) da filha de João Cabral de Melo Neto, Inez Cabral, e Miró é mencionado nos dois, salvo engano. Eu me interesso em saber destes encontros de intelectuais e artistas e as redes nas quais eles estavam inseridos, pois é como se fossem pequenos núcleos de criativos conectados. Um detalhe que amei na exposição: uma parede com uma vasta bibliografia sobre Calder (com livros esgotados que nunca tinha visto pessoalmente) e a exposição de vários livros ilustrados por Miró.
Por ter estudado Lota, o MoMA, alguns intelectuais, artistas e arquitetos e a formação do moderno brasileiro, me impressionou o fato de por exemplo, mencionar que ele e Lota de Macedo Soares ficaram amigos apenas em 1948, quando, na verdade, há relatos que indicam que esta amizade possivelmente começou durante as viagens de Lota aos EUA, no começo da década de 1940 e que foram apresentados por Elodie Osborne, que trabalhava no MoMA. Isso me deixa desanimada pois parece que sempre tem alguém visando minimizar uma mulher e sua história, mas isso é só um comentário. Vale a pena visitar a exposição!
Eu amei a exposição da Forma, e adorei entender mais sobre a história da empresa e ver ali alguns itens de mobiliários que eu ainda não tinha tido a chance de ver pessoalmente, apenas por publicações. O que me surpreendeu foi uma plaquinha que explicava como a exposição havia sido concebida e que alguns itens permaneciam sem a autoria, mas convidada o espectador a colaborar indicando o nome do autor do mobiliário, se ele soubesse. Isto me chamou a atenção não apenas por ser um convite à colaboração como também a disposição de revisar o que foi feito no intuito de criar fontes colaborativas de conhecimento que favorecem o todo. Este gesto, ao meu ver, foi um exemplo de aprendizado e colaboração.
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