Inspirações de Novembro
Esta semana fui conhecer a Casa Bradesco, na Cidade Matarazzo. O projeto conceitual deste espaço chama a atenção, sendo de autoria do arquiteto ítalo-francês Rudy Ricciotti. A exposição “Inflamação” de Anish Kapoor, com curadoria de Marcelo Dantas - que já comentamos por aqui - chama tanto a atenção que eu ouso dizer que ofusca a arquitetura. Ao mesmo tempo que é preciso trazer o olhar para a arquitetura para vislumbrar o espaço que se adentra, devo dizer que não é um espaço que me agradou apesar de ser visualmente bonito.
A concepção do espaço buscou preservar as marcas do tempo, no entanto, as pessoas se sentiam mais atraídas por uma ampla janela com vista do complexo ali criado do que com o interior do edifício e as obras alí expostas. São dois pisos dedicados à exposição, mas você começa pelo primeiro piso e depois tem que voltar para a entrada para acessar a segunda parte da exposição mas, para isso, você precisa passar por onde entrou e dentro da lojinha. Para mim, os acessos propostos não funcionam muito bem, uma vez que misturava o público que estava entrando/saindo e não tendo um direcionamento do fluxo. Acho que faltou um acesso que interligasse esses espaços sem precisar passar pela entrada, mas essa é só a minha opinião.
Enquanto andava uma segunda vez por ali e observava novamente a exposição depois de ter visto todas as obras, não pude ignorar a lembrança que me veio à mente da leitura do livro “O perfume das flores à noite”, de Leila Slimani (se você não leu, abri o post indicado abaixo no qual comento a leitura do livro, é só clicar sobre ele para acessá-lo). Assim como ela se sentiu presa no museu em Veneza, eu acho que também me sentiria presa naquele espaço da Casa Bradesco, por incrível que pareça. A janela então seria para mim um imenso atrativo, assim como para quem estava ali tirando fotos em frente dela com a vista do complexo. É interessante visitar uma exposição após a leitura do livro com este olhar - de pensar que o espaço é mais do que apenas um espaço de exibição mas também um possível espaço de encontro com a própria solidão humana... sabendo que isto tem sido um exercício para alguns sortudos escritores ao redor do globo.