Logo no começo da newsletter, teve uma edição que fez muito sucesso por aqui: A edição acerca de bloqueio criativo. Nela, juntei várias dicas que me ajudavam ao longo dos anos justamente quando eu precisava ser mais criativa. Mês passado, esta edição fez 3 anos e muita coisa mudou desde então. Passei a me conhecer melhor e conheci o termo “glimmer”, pequenas alegrias que agem como reguladores emocionais. Também escrevi sobre isso por aqui, e esta também foi uma edição muito apreciada.
Acho que comentar este tipo de questão é muito importante, e não apenas para profissionais criativos, e sim para todos os profissionais. Quantas vezes o nosso emocional nos bloqueia? Quantas vezes precisamos nos regular emocionalmente?
Durante seis semanas ao ano, eu dou aula de design thinking numa pós graduação de neuroarquitetura. Design thinking é uma metodologia que busca resolver problemas e gerar soluções por meio da criatividade. Essas aulas são à noite, exigem muito foco e atenção, ao mesmo tempo, exigem calma e tranquilidade para que eu não fale como uma Gilmore girl e apavore minhas alunas. Em um destes dias de aula, eu observei como eu programei meu dia de forma automática já pensando nessa leveza que ele precisava ter e no boost de energia e criatividade. Resolvi dividir aqui como foi este dia em detalhes, afinal, não adianta falar sobre glimmers e bloqueio criativo se eu não falar também como eu ponho em prática essas ferramentas no meu dia.
Pela manhã:
Normalmente, acordo as 6h, mas estava com um déficit de sono e me permiti acordar as 7h - lembre-se um olhar cansado pode não reparar em muitas coisas por aí. Preparei um café, dei a comidinha pro meu cachorro, o Tibet.
Faço uma coisa que não deveria, mas para otimizar esse momento, acabo ouvindo o podcast Café da manhã ou O Assunto. Há anos, comecei a comer abacate assim que acordo, recomendação da minha nutricionista aqui de Campinas, o que eu descobri depois fuçando por aí é que abacate é um ótimo alimento para o cérebro, ou seja, melhor opção para começar o dia.
Logo depois, li um ou dois artigos da revista Quatro Cinco Um que tinha comprado na banca no dia anterior. Aprendi na aula de filosofia na escola a importância de fazer uma atividade que gosto por 15-20 minutos antes de começar a estudar, ainda hoje levo isso comigo pra vida como um habito. Já comentei neste texto abaixo como encaixo a leitura pela manhã e como ela é importante pra mim neste período do dia. Vou aproveitar e linkar abaixo dele, o texto que considero sua continuação.
Trabalhei até as 10h, quando fiz uma pausa pra mais um cafézinho e uma frutinha com meu fiel escudeiro. Quem tem animaizinhos em casa sabe como é difícil não ser seduzido por formas arredondas. Ingrid Fettel Lee em “As formas da Alegria” nos explica isso no capítulo “Diversão”, mostrando como suas formas e fofuras nos atrai. O nome do capítulo não é por acaso, é justamente por esses momentos de recreação e divertimento com os pets que pesquisas mostram como o convívio com cachorros em locais de trabalho tem o poder de reduzir o estresse.
A pausa foi muito rápida. Trabalhei depois neste texto da newsletter, publicado ontem. senti dificuldade de continuar a redigí-lo depois de entender que minha ideia inicial não estava se desenvolvendo como eu desejava. Foi então que resolvi tomar um banho e lavar o cabelo para ver se eu conseguia me autoregular e fazer as ideias fluírem. Lavar o cabelo é um glimmer pra mim, parece que o ato de massagear o couro cabeludo ajuda a desembaraçar as ideias que estão emaranhadas como em um novelo. Aproveitei o momento e pratiquei mindfulness no banho; estive bem presente naquele momento. Senti a água cair, sua temperatura, ouvi o barulho do chuveiro. Isso parece uma coisa boba, mas no dia a dia é bom lembrar que as vezes estamos vivendo tão no automático que esquecemos de apreciar momentos assim. Neste livro “Aprenda a viver o agora” Monja Cohen, nos ensina como focar no presente em momentos assim da vida cotidiana - seja no banho, escovando os dentes... é bem prático e fácil para incorporar pequenos momentos na rotina. Em dias de home office, eu opto pelo uso de roupas confortáveis.
À tarde:
Resolvi usar meu horário de almoço na rua. Primeiro, fui dar uma volta. Como já comentei no post do bloqueio criativo, já foi provado que caminhar ajuda a “soltar a criatividade”. Aproveite também e passei pelo mercado e me peguei observando as cores das frutas e a composição dos estandes onde elas estavam. E depois, por estar num caminho não programado, ainda passei pela
Recordar memórias ativam a criatividade, isso foi o que eu aprendi com Shelley Carson em “O cérebro criativo”. Pensando nisso, e buscando uma memória afetiva, resolvi almoçar em um restaurante cujo feijão tem exatamente o mesmo sabor do feijão que minha avó materna fazia quando eu era pequena (hoje em dia ela não cozinha mais). E de sobremesa, meu plano alimentar até libera um chocolatinho, mas lá tinha doce de abóbora com coco… não poderia pedir por uma refeição mais afetiva do que esta. Em dias nos quais trabalho o dia todo, essas pequenas saídas são o contato humano que eu preciso.
Às 13h15 já estava de volta em casa e tinha um cachorrinho gordinho esperando por mim e para receber mais um carinho. Consegui trabalhar com mais leveza, mas sem tocar no assunto do texto, que se desenrolou de forma muito mais fácil no dia seguinte.
Mais tarde, rolou uma breve pausa para mais um lanchinho e um afago no Tibet, e depois uma ida para uma sessão de acupuntura que faço esporadicamente, mas que foi o sopro de energia que faltavam para concluir meu dia. Se eu estou em São Paulo, meu lanche da tarde é a barrinha Pincbar, que eu amo - a de beijinho é a minha preferida. Eu tenho duas nutricionistas, uma aqui em Campinas e outra em Barra Mansa, onde cresci. Fernandita, a nutri de BM que além de nutri é psicóloga, me conhece desde os 14 anos. Em dias assim, ela sempre recomenda que tome café a tarde. Café com leite, especialmente, é afago com pãozinho então, nem se fala. Parece que busquei afago o dia todo, né? Mas é importante ter nossas necessidades atendidas. Aprendi muito disso com a Comunicação não violenta.
À noite:
Logo no começo da noite, às 18h, comecei a rever o material da aula do dia, adicionando novos elementos. Me preparei para a aula usando um batom colorido - pequenas alegrias que trazem mais alegrias e, de alguma forma, me deixa mais confortável e me ajuda a ter uma outra percepção e postura. O combo batom vermelho + blusa preta é muito usado por várias arquitetas e não é à toa.
Por volta das 21h40 terminei a aula e as atividades do dia - de forma leve e feliz. Comecei então a minha rotina da noite pra dormir bem: mais um banho, pijama confortável e um episódio de um seriado qualquer que eu provavelmente não terminei de ver por pegar no sono (afinal, ninguém é de ferro, não é mesmo).
Até breve!
delícia de texto!